Trasladação das Relíquias de Santa Catarina de Sena

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Trasladação das Relíquias de Santa Catarina de Sena
Quinta-Feira após o Domingo da Sexagésima
Esta festa foi oficialmente estabelecida sob o nome de Comemoração de Santa Catarina de Sena ou Festa de seus Esponsórios, para perpetuar a memória do favor misterioso favor conferido sobre ela no ano de 1367, quando a Santa havia atingido a idade de vinte.
A cidade de Sena estava entregue às tumultuadas festividades habituais no encerramento do Carnaval, e Catarina se havia trancado em sua cela, procurando através da oração e do jejum fazer reparação às ofensas cometidas pelas multidões imprevidentes que passavam por sua porta. Então Nosso Senhor apareceu para ela, e dirigiu-Se a ela nessas palavras: “Porque esquecestes todas as vaidades do mundo e depositastes teu amor em Mim, e porque, por amor de Mim, escolhestes afligir vosso corpo com jejuns a comeres carne com os outros, especialmente neste tempo, quando todos os outros que habitam perto de vós, e mesmo aqueles que habitam na mesma casa que vós, banqueteiam-se e festejam, portanto Eu Me determinei a fazer uma festa solene convosco e, com grande alegria e pompa, desposar a vossa alma a Mim na fé.” Enquanto Ele estava falando, apareceu no mesmo lugar a gloriosíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, o discípulo amado São João Evangelista, São Paulo Apóstolo, e o grande patriarca e fundador de sua Ordem, São Domingos; e, após esses, veio o Rei profeta e poeta, Davi, com um belo saltério em suas mãos, em que ele tocava uma melodia celestial de inefável doçura. Então, nossa Mãe Santíssima veio até Catarina e tomou sua mão, que ela levou em direção ao seu Divino Filho, e pediu a Ele que jurasse desposá-la na fé. Ao que Ele consentiu com um semblante de extraordinária doçura e amabilidade, e, tomando um um anel que fora feito com quatro pérolas preciosas e tinha em outra parte um maravilhoso e rico diamante, Ele pôs o mesmo no dedo de sua mão direita, dizendo, pois, “Contemplai: eu desposo-vos a Mim, vosso Criador e Salvador, na fé, o que continuará em vós doravante, para sempre imutável, até que chegue o tempo da consumação das alegrias nos Céus. Agora, portanto, aja corajosamente. Fostes armada da fé, e triunfará sobre vossos inimigos.” A visão desapareceu, mas o anel, invisível aos outros olhos que não os de Catarina, permaneceu em seu dedo, um lembrete misterioso do amor de seu Divino Esposo.
Nos é dito expressamente que este evento ocorreu no “último dia do Carnaval”, que em Sena era na Terça-feira após a Sexagésima; mas, seguindo o costume geral, a festa que comemora tal fato foi sempre mantida na Quinta-feira. Esta festa foi elevada a um nível ainda maior e seu nome mudado para Trasladação das Relíquias de Santa Catarina no ano de 1866.
A Santa Virgem de Sena morreu em Roma, no ano de 1380 d.C., e foi primeiro enterrada no cemitério próximo à Igreja de Santa Maria sopra Minerva, mas mais tarde os seus santos restos foram removidos pelo Superior da Ordem, Beato Raimundo de Cápua, anteriormente seu confessor, para um sarcófago de pedra do lado direito do altar-mor da igreja. Quando ele o fez, ele relembrou que Santa Catarina lhe havia previsto, nas Vésperas de São Francisco, quando eles estavam juntos em Voragine na viagem de volta de Avignon, nomeadamente, que ele deveria, neste mesmo dia em um ano futuro, levar a fazer acontecer a dita trasladação de seu corpo. Posteriormente, o Beato Raimundo destacou a cabeça do corpo e o enviou para o Convento de São Domingos em Sena, onde ela foi cuidadosamente guardada, dado que a santa relíquia não poderia ser exposta à veneração pública antes que a Santa tivesse sido levada aos altares da Igreja. Subsequentemente, contudo — provavelmente no ano de 1385 — o Padre Raimundo fez saber ao Consistório da República de que maneira a cabeça de sua amada concidadã havia sido levada para o seu meio, e foi decidido que um grande festival haveria de ser celebrado e uma procissão solene feita para receber a sagrada relíquia, como se ela tivesse acabado de chegar. A parte mais tocante desta celebração, da qual cada um dos minutos dela foi preservada para nós, foi a presença da idosa mãe da Santa, Lapa, que andou em meio às Irmãs da Ordem Terceira, logo atrás do pálio, abaixo do qual estava a cabeça de sua amada filha.
Seria entediante falar das várias relíquias que, em diferentes momentos, foram destacadas do santo corpo e enviadas para vários dos conventos da Ordem; da trasladação de vários dos restos sacros para a Capela do Rosário, feita por Santo Antonino quando este foi Prior de Minerva; e de ainda uma terceira trasladação, à época da canonização de Santa Catarina. Uma quarta e última trasladação ocorreu em nossos tempos. No dia 17 de Abril de 1855, quando a Igreja de Minerva passava por uma restauração, o sarcófago da Santa foi novamente aberto pelo Padre Alexandre Vicente Jandel, Superior-Geral da Ordem, em cuja ocasião uma considerável porção das sagradas relíquias foram retiradas e enviadas pelo Reverendíssimo Padre para o Convento de São Domingos, em Stone, a Casa-Mãe da Congregação Inglesa das Irmãs da Penitência, a qual leva o nome de Santa Catarina. Em 4 de Agosto do mesmo ano, com a restauração de Minerva tendo sido completada, o Papa Pio IX, de feliz e santa memória, consagrou o altar-mor com suas próprias veneráveis mãos; e então os restos da Santa Virgem de Sena, tendo sido carregadas em solene procissão através das ruas da Cidade Eterna foram, alguns dias depois, entregues para repousar abaixo do mesmo altar-mor, onde eles até hoje repousam.
Oração
Ó Deus, que concedeste à Beata Catarina, adornada com especial privilégio da virgindade e da paciência, sobrepujar os assaltos dos espíritos malignos e permanecer inabalada no amor de Vosso Santo Nome, permita, nós Vos pedimos, que, ao seu exemplo, calcando aos seus pés a maldade do mundo e sobrepujando os desejos de nossos inimigos, possamos seguramente passar à Vossa glória. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.
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